quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A solidão é uma das experiências mais ambíguas. Apesar de ouvirmos a todo momento que ela consome multidões de pessoas em toda parte, vamos caminhando na vida e de repente nos surpreendemos a nós mesmos com a frase - preciso estar só comigo mesmo. Esta frase revela a realidade de nossa polaridade. "Preciso estar só comigo mesmo" é uma frase que só pode ser dita porque há uma parte de nós que se perdeu, que não está conosco e quer voltar, pois onde concretamente está não se sente em casa, não se sente bem. Sem o facto fundamental de que nosso eu possui esta dinâmica polar de achar-se e perder-se de si mesmo, esta expressão não possuiria sentido algum.

15 comentários:

Anónimo disse...

isso está bonito e fundo, pá - se estiveres triste não te esqueças de encostar a uma árvore, estica as patas sobre os ramos, concentra-te só na tua respiração e deixa apagar os pensamentos, sente a árvore a apoiar-te nas vértebras, a amar-te, e ficas bom durante uns tempoz

ardiloso disse...

credo.. obrigado anónimo... sentir árvore nas vertebras..ficava logo esm.agado

Anónimo disse...

tem graça, diria que és brasuca às vezes, outras vezes não -> a árvore está de pé rapaz e a pessoa também, é só encostado, mas comigo resulta mesmo

Anónimo disse...

fui buscar uma coisa para ti, os problemas que te colocas são os problemas com que os filósofos da Antiguidade, e depois outros, se depararam.

Só filosofa quem é corajoso.

Excerto do discurso de Aristófanes, no Banquete de Platão:

« E qual a origem deste anseio? Precisamente, como vimos, o facto de que a nossa primitiva natureza assim era e nós constituíamos então um todo. Ora, é essa aspiração ao todo, essa busca incessante, que tem o nome de amor.»

Portanto como vês, não dá para escapar.

ardiloso disse...

mas eu estou deitado... assim me vi..

problema tá aí.. amor? onde anda? não acredito, isso já não existe... foi só no tempo dos nossos grandes filosófos , na antiga grécia

Anónimo disse...

pois entendo-te, não posso concordar contigo mas entendo-te,

Anónimo disse...

Bom dia. Ontem dei comigo à noite a pensar se te ia escrever sobre isto, ou não, e depois concluí que sim, antes de me atirar aos infinitos,
Perguntas tu onde está o amor. Eu respondo: está em ti, está na Natureza, está no Sol, está nos teus gatos, está em todo o lado...
Aristóteles usava duas distinções úteis para arrumar coisas: a oposição universal/particular e a oposição substância/acidente.
Em cima eu estou a falar-te do amor no sentido universal e substancial.
Provavelmente, para não acreditares no amor e perguntares onde está, estás apenas a referir-te a uma relação a dois, de casal, e terás passado por umas tantas que te fizeram concluir que não existe amor entre duas pessoas, que é uma ilusão. Não acho, temos a mania de enfatizar o lado negativo e as rupturas, esquecendo tudo o que houve de bom e que também foi verdadeiro. É verdade que uma relação amorosa evolui e portanto põe em causa os fundamentos originais, o que pode ser doloroso. Na minha experiência é possível continuar a sentir amor por amigos a uma escala de dezenas de anos, já não é sexo, mas é um enorme carinho que mobiliza forças e atitudes.
Em relação ao comentário de Aristófanes ele define o amor como a tal busca incessante, é um motor, calha bem com a tua pergunta: onde está?
No Banquete (Symposium) falam muitos, tudo sobre o Amor, Sócrates faz um balanço final, hoje deixo-te ficar uma de Agathon, referindo-se ao amor:
«da sua maleabilidade e subtileza de forma há, de resto, um índicio convincente: essa elegância natural que toda a gente é unânime em atribuir-lhe ao mais alto grau.»

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podes responder-me directo: pois, mas eu não acredito no amor!, e tudo bem, eu rio-me mas não fico chateado

ardiloso disse...

Obrigada pela explicação, mas de facto referia amor entre duas pessoas... que para mim não existe, claro que tudo o que me rodeia, desde o mar, as arvores, passando pelos animais, existe amor... mas amor natural, sui generis, e este nao existe entre 2 pessoas.
mais uma vez obrigada

Anónimo disse...

tudo bem rapaz, mas terás que convir que eu tenho o direito a dizer o contrário, e digo que existe sim, tem é que ser aberto senão sufoca dentro de si próprio

mas respeito que o digas

estava a pensar que ia pondo aqui de manhã uma ou outra citação do Banquete, mas se te chateia diz que não quero abusar

Anónimo disse...

Tá aqui:
«Então a Pobreza , que na sua natural indigência meditava ter um filho do Engenho, deitou-se junto dele e assim concebeu o Amor. (...) Rude, miserável, descalço e sem morada, estirado sempre por terra e sem nada que o cubra, é assim que dorme, ao relento, nos vãos das portas e dos caminhos: a natureza que herdou de sua mãe faz dele um inseparável companheiro da indigência. Do lado do pai, porém, o mesmo espírito ardiloso em procura do que é belo e bom, a mesma coragem, persistência e ousadia que fazem dele o caçador temível, sempre ocupado a tecer qualquer armadilha; sedento de saber e inventivo, passa a vida inteira a filosofar, este hábil feiticeiro, mago e também sofista. Deste modo não é por natureza mortal nem imortal. No mesmo dia, tanto floresce e vive, segundo está senhor dos seus recursos, como morre para voltar à vida, graças à natureza de seu pai»
Isto é Socrates a falar, contando aos amigos, no Banquete, o que Diotima, a estrangeira de Mantineia, lhe tinha contado sobre a história do Amor
Ela define o amor como um génio poderoso, intermediário entre mortal e imortal, e um mensageiro e interprete dos homens junto dos deuses e dos deuses junto dos homens; no seu papel de intermediário, preenche por inteiro o espaço entre uns e outros, permitindo que o Todo se encontre unido consigo mesmo.

ardiloso disse...

bem sei que queres mostrar o amor, mas nao convence, inda por cima com textos tao longos. Mesmo entusiasmado e a ficar credível, quando chego a meio... o cansaço é tanto que amor desapareceu

Anónimo disse...

olá! Só hoje é que voltei aqui, andei sem net - não quero convencer-te de nada, muito menos vencer-te que aliás nem conseguiria e se conseguisse descobriria que ter-me-ia vencido a mim. Quis só passar-te as reflexões dos filósofos sobre o tema, onde estás mencionado pelo teu próprio nick; ardiloso. Diz lá que não é engraçado. De resto o que eu desejo é que estejas bem pá, e já agora eu também :)

ardiloso disse...

E fizeste muito bem, nada como partilhar ideias... agradeço, inda bem q tas bem, eu tambem, o que me safa são as ondas, onde vou descomprimir

Anónimo disse...

fico contente de saber, eu nisso sou maricas, faz-me impressão aquelas três lâminas por debaixo, mas gosto de vos ver, e também ando para aqui a preparar-me para voltar ao mar e à piscina, recompensa de ter despachado umas coisas,

depois quando estiveres de papo para o ar deixa sentir-te o ar a fazer festas nos pulmões, é mesmo verdade isto anda cheio de amores como a luz do Sol o oxigénio,as ondas, o belo, etc.,

lá tenho uma reunião daqui a pouco, a penúltima, taran, ainda é aquilo do skatepark e o final do jogo

ardiloso disse...

papo para o ar gosto tar na prancha, qdo aguardo pelo momento quente da onda... aí sim relaxo, medito.. sei la.. tanta coisa...